20 de agosto de 2012

Os Dez Mandamentos


O Decálogo no Éden

Muitos acreditam que os Dez Mandamentos surgiram quando Moisés os recebeu no monte Sinai, sendo até então desconhecidos. Outros crêem que Jesus os substituiu por "dois novos" mandamentos, e um terceiro engano afirma que eles foram destinados aos judeus e não precisam ser obedecidos pelos gentios. Essas noções absurdas contrariam fortemente os ensinos da Bíblia, e Deus aniquila pessoalmente a primeira ilusão ao declarar:



"Porque Eu o escolhi para que ordene a seus filhos e a sua casa depois dele, a fim de que guardem o caminho do Senhor e pratiquem a justiça e o juízo. (...) Na tua descendência serão abençoadas todas as nações da terra; porque Abraão obedeceu à Minha palavra e guardou os Meus mandados, os Meus preceitos, os Meus estatutos e as Minhas leis." (Gênesis 18:19Gênesis 26:4-5)
Estes versos declaram que Abraão seguiu e foi escolhido para ensinar a conduta de vida estabelecida por Deus. Antes deste testemunho, Deus tinha feito a ele a seguinte recomendação: "(...) guarde a Minha Aliança, tanto você como os seus futuros descendentes." (Gênesis 17:9). E será que os descendentes de Abraão foram igualmente zelosos com os ensinos que receberam? Vejamos:
"Então, disse o Senhor a Moisés: Eis que vos farei chover do céu pão, e o povo sairá e colherá diariamente a porção para cada dia, para que Eu ponha à prova se anda na Minha lei ou não.
Dar-se-á que, ao sexto dia, prepararão o que colherem; e será o dobro do que colhem cada dia. (...) Seis dias o colhereis, mas o sétimo dia é o sábado; nele, não haverá.
Ao sétimo dia, saíram alguns do povo para o colher, porém não o acharam. Então, disse o Senhor a Moisés: 'Até quando recusareis guardar os Meus mandamentos e as Minhas leis?'" (Êxodo capítulo 16)
Isso ocorreu no deserto de Sim, antes que os descendentes de Abraão chegassem ao deserto de Sinai para receber os Dez Mandamentos na sua forma escrita (em duas tábuas de pedra) após firmarem com o Senhor o pacto de aliança (Êxodo 16:1Êxodo 19:1-8). Agora surgi as seguintes perguntas: Como poderia Deus pôr os israelitas à prova em relação ao sábado do quarto mandamento se eles ainda iriam recebê-lo no monte Sinai? E por que os reprovou questionando: "Até quando recusareis guardar os Meus mandamentos e as Minhas leis?" (Êxodo 16:28).

O uso da locução adverbial "até quando", que provém do hebraico "'anah"(a), e o uso dos substantivos "mandamentos" e "leis", que são respectivamente traduções do hebraico "mitsvah"(b) e "towrah"(c), demonstram que os israelitas conheciam tanto a observância sabática quanto outras instruções divinas, e vinham a muito tempo negligenciando-as. Deus jamais teria testado-os naquela ocasião se eles não conhecessem os Seus preceitos, isso seria injusto. Através de Abraão eles receberam as orientações que foram transmitidas desde a época de Adão.

A Lei de Deus no Éden
Adão e Eva transgrediram no Éden os princípios da lei de Deus quando cederam aos sofismas de Satanás e, consequentemente, desprezaram a justiça que lhes foi ensinada. Nessa infeliz atitude, eles escolheram seguir uma criatura e consideraram as palavras do Deus Criador falsas; desonraram Aquele que lhes concedeu a vida; cobiçaram e furtaram; sentenciaram a morte gerações, pois perderam o direito a vida eterna e condenaram seus descendentes ao mesmo destino; e, se esses fatos ocorreram no sétimo dia da semana, pode-se afirmar ainda que tais transgressões ofenderam o Senhor no Seu santo sábado.

Antes desse fatídico dia, Adão e Eva não conheciam os resultados do pecado: "eis que o homem se tornou como um de nós conhecedor do bem e do mal" (Gênesis 3:22). Eles viviam em perfeita harmonia com Deus e, dia-a-dia, aprendiam sobre o Seu amor sintetizado em Sua lei. A respeito dessas transgressões a Bíblia revela:



"Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram. Porque até ao regime da lei havia pecado no mundo, mas o pecado não é levado em conta quando não há lei. Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei. [E] o salário do pecado é a morte." (Romanos 5:12-13I João 3:4Romanos 6:23)
"Adão e Eva persuadiram-se de que seria questão insignificante o comer do fruto proibido, e que tal ato não poderiam resultar em terríveis consequências como as de que Deus os avisara. Mas essa questão insignificante constituía uma transgressão da imutável e santa lei divina, e separou o homem de Deus, abrindo os diques da morte e trazendo sobre o mundo misérias indizíveis. Século após século tem subido da Terra um contínuo grito de lamento, e toda criação geme aflita, em resultado da desobediência do homem. O próprio Céu sentiu os efeitos da rebelião de Satanás contra Deus. O Calvário aí está como um monumento do estupendo sacrifício exigido para expiar a transgressão da lei divina. Não podemos considerar o pecado coisa trivial."1

"Depois da desobediência, Adão e Eva a princípio imaginaram-se ter obtido uma condição mais elevada de existência. Mas logo o pensamento de seus pecados os encheram de terror. Desapareceram o amor e a paz que haviam desfrutado, e em seu lugar experimentavam uma intuição de pecado, um terror pelo futuro. A veste de luz que os rodeara, desapareceu; e para suprir sua falta procuraram fazer para si uma cobertura, pois enquanto estivessem nus, não podiam enfrentar o olhar de Deus e dos santos anjos. Mas a nudez era mais do que física, era também uma nudez de alma."2

Outros exemplos bíblico demonstram a existência do Decálogo antes dele ser entregue no monte Sinai, tais como: o assassinato de Abel (Gênesis 4:8); promiscuidade e idolatria de vários povos da antiguidade como de Sodoma e Gomorra (Gênesis 18:20Gênesis 19:4-5 cf Romanos 1:18-32); Abrão antes de se tornar Abraão mentiu a respeito de seu parentesco com Sara (Gênesis 12:10-20); José resistiu ao pecado de adultério (Gênesis 39:7-23); enfim, esses atos não poderiam ser classificados como pecaminosos se a lei de Deus não existisse anteriormente para condená-los (I João 3:4Romanos 4:15Romanos 7:7).
A Lei sob ataque no Céu
Lúcifer quando cobiçou o trono de Deus transgrediu o princípio do décimo mandamento e tal atitude levou-o posteriormente a violar os demais preceitos da lei.3 E aquilo que ele não conseguiu no Céu(d), tenta a todo custo obter na Terra: adoração e domínio absoluto. Para isso ele utiliza o mesmo artifício, tornar a lei desprezível; e entende perfeitamente que para atingir este objetivo não há necessidade de proporcionar a transgressão de cada um dos Dez Mandamentos:
"Pois qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos. Porquanto, Aquele que disse: Não adulterarás também ordenou: Não matarás. Ora, se não adulteras, porém matas, vens a ser transgressor da lei. Falai de tal maneira e de tal maneira procedei como aqueles que hão de ser julgados pela lei da liberdade." (Tiago 2:10-12 cf I João 2:1-4)
As Escrituras não favorecem ideologias contrárias a lei de Deus, agir contra ela é auxiliar Satanás em seus propósitos. E eis os "motivos" que o conduz a combatê-la:
Deus é amor (I João 4:8), a base da lei é o amor (Romanos 13:8-10Mateus 22:37-40).
Deus é santo, justo e bom (Salmos 99:5Marcos 10:18Salmos 7:11), Sua lei é santa, justa e boa (Romanos 7:12).
Deus é eterno (I Timóteo 1:17), Sua lei é eterna (Lucas 16:17 cf Isaías 24:5-6).
Deus é imutável (Tiago 1:17 cf Malaquias 3:6), Sua lei é imutável (Mateus 5:17-19).
Deus é a verdade (João 14:6Salmos 31:5), Sua lei é a verdade (Salmos 119:142).
Alinhadas acima características inerentes a Deus e atribuídas também a Sua lei, visto que: os seus mandamentos descrevem o próprio caráter de Deus e revelam o amor e cuidado dEle pelo homem; ela é a base de Seu governo e, por intermédio dela, haverá o devido julgamento da humanidade(e). Não é de admirar que Satanás a odeie e de todas as formas possíveis tente ocultá-la da mente do homem (Hebreus 8:10-12;Hebreus 10:16-17 cf Jeremias 31:33-34).

Fundamentos do Decálogo
"Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. Osegundo, semelhante a este, é: amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas." (Mateus 22:37-40)

Através de falsas interpretações deste ensino, existe o esforço em substituir o Decálogo por esses dois mandamentos citados por Jesus. Porém, sem dificuldade alguma, percebe-se a leviandade nesta tentativa uma vez que os versos de Mateus 22:37-40 são na realidade a resposta para a pergunta: "Mestre, qual é o grande mandamento na Lei?"(f). Neste questionamento não se faz qualquer alusão sobre substituir a lei e seus respectivos preceitos; tanto a pergunta quanto a resposta estão envolvidas em destacar o mandamento de maior importância.

Na expectativa de constranger Jesus, os fariseus interrogaram-nO a respeito dos mandamentos contidos na lei mosaica e esperavam que Ele indicasse algum que não satisfizesse a pergunta. Mas, se decepcionaram ao receberem como resposta os dois mandamentos que retêm osprincípios bases de toda a lei: amor a Deus e amor ao próximo. A lei mosaica em sua totalidade esta alicerçada sobre estes fundamentos e Jesus simplesmente assinala o que já era ensinado por ela: "Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força. (...) amarás o teu próximo como a ti mesmo." (Deuteronômio 6:5Levítico 19:18). Ao contrário do que muitos imaginam, a resposta de Jesus não era algo novo ou exclusivo do Novo Testamento, e João chama atenção para isso ao dizer: "(...) peço-te, não como se escrevesse mandamento novo, senão o que tivemos desde o princípio: que nos amemos uns aos outros." (II João 1:5).

O apóstolo Paulo também refere-se a este ensino: "(...) não adulterarás, não matarás, não furtarás, não cobiçarás, e, se há qualquer outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: amarás o teu próximo como a ti mesmo. O amor não pratica o mal contra o próximo; de sorte que ocumprimento da lei é o amor." (Romanos 13:9-10). Nota-se ainda que Paulo exemplifica este assunto citando exclusivamente os mandamentos do Decálogo, os quais além de estarem fundamentados no princípio do amor, são a base da lei mosaica(g). O amor a Deus sempre estará sintetizado na obediência aos quatro primeiros mandamentos do Decálogo, assim como o amar ao próximo desenvolverá o respeito pelos seis últimos.

Considerações Finais
A Bíblia revela claramente a existência do Decálogo (lei de Deus) antes da criação do homem e, consequentemente, antes de Moisés. Ela foi estabelecida na Terra para toda a humanidade (Eclesiastes 12:13 cf Mateus 19:17-19). Os descendentes de Abraão, quando foram convocados por Deus para levarem Seus ensinos as demais nações (Êxodo 19:5-6Isaías 51:4Romanos 3:2), já tinham o conhecimento dessa lei antes dela ser entregue na sua forma escrita no Monte Sinai.

Deus não é um Criador e Governador de improviso, que realiza Seus propósitos sem planejamento e desígnio. Ele não elabora regras conforme o surgimento dos acontecimentos ou das circunstâncias. E tais afirmativas são confirmadas pelas seguintes declarações: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!", "(...) Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo" (João 1:29Apocalipse 13:8). Esse sacrifício único e derradeiro foi justamente pelos pecados do homem; pecados que segundo os ensinos escriturísticos são ocasionados pela desobediência aos princípios do Decálogo.4

O plano de salvação foi minuciosamente articulado antes da criação. Deus tinha conhecimento das transgressões que o homem causaria a Sua lei influenciado por Satanás (Apocalipse 12:17). O "fruto" de uma árvore, obviamente, não foi a causa do grande conflito em que a humanidade se envolveu. As implicações registradas em Gênesis capítulo 3 vão muito além disso.

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